XV Domingo do Tempo Comum

O Evangelho deste domingo (Mc 6, 7-13) pode ser resumido num só termo: Apóstolo, ou seja, Enviado. O texto diz que Jesus enviou os Doze apóstolos. Quem são estes Doze? Para Marcos este número significa a totalidade da Igreja. A missão, portanto, diz respeito a todo discipulado de Cristo. Mas em que consite esta missão? Três aspectos importantes:

1. Partir: "Eles partiram" (Mc 6,12) Quando nos dizemos cristãos/cristã, quando sabemos que o Cristo nos chama, a primeira coisa a fazer é partir: pôr-se a caminho para fazer, para falar, para agir. Não se trata de anunciar uma doutrina de permissões e ou proibições, mas sim de proclamar a Boa Nova da Salvação oferecida gratuitamente e representar aquele que nos chama a segui-lo: o Cristo ressuscitado. Trata-se de uma partida com confiança exclusivamente em Deus. Tudo o mais é inútil. 

 2. Denunciar: Em viagem, a caminho da missão, o/a discípulo/a deve ser profeta/profetisa. A missão não é fácil e não admite repouso. Muitas contrariedades impedem a sua realização. No texto deste domingo Jesus previne quanto às adversidades que podem vir da missão, pois nem todas as pessoas querem criar comunhão com seu projeto, o Reino de Deus.

 3. Libertar: A finalidade da missão é de libertação: "Expulsavam muitos demônios e curavam numerosos doentes, ungindo-os com óleo" (Mc 6,1). Mas atenção! Não se trata de magia. A libertação consiste em aliviar a miséria e restaurar a dignidade das pessoas que foram excluídas ou marginalizadas. Como o espírito de dominação, de possessividade, de exploração, de vingança e de desprezo sempre existe em nossos dias, é necessário curar as pessoas vitimas desses males.

Por fim, lembremos: a fé cristã não se impõe, mas se propõe. Dirige um apelo à liberdade e à responsabilidade das pessoas. Podem-se denunciar situações, interpelar, convidar... Mas a resposta não nos diz respeito, da mesma forma que o resultado da missão não nos pertence. Por isso mesmo, Jesus enviou os Doze, dois a dois (Mc, 6, 7), para indicar que o/a discípula/a não deve agir sozinho ou pensando em sim.

Ser enviado por Jesus é estar a serviço com os outros e para os outros. Somente assim poderemos combater o espírito maligno que insiste em dominar e escravizar as pessoas na sociedade atual: o individualismo. Vivendo em comunidade destruímos este mal e geramos a fraternidade, cujos frutos levam a uma vida mais feliz e atualizam o Reino.

Fraterno Abraço. Frei Fernando.