segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Transfiguração do Senhor - Mc 9, 2-10)

O relato da transfiguração no monte faz parte das instruções após o primeiro anúncio da paixão. Sua função é contribuir na cura da cegueira, na falta de entendimento do caminho, do seguimento ontem e hoje.

As tradições do passado iluminam o presente
Elias é o representante da profecia. Moisés faz lembrar não somente o êxodo, mas também todo Pentateuco, toda lei, que a tradição judaica atribuía a ele. Por um lado, a lei e os profetas, isto é, todas as Escrituras, se realizam em Jesus.

A cegueira de Pedro
Quando Jesus anunciou a cruz como consequência de sua fidelidade à luta pela vida em abundância para todas as pessoas (Marcos 8,31; João 10,10), Pedro já havia revelado sua cegueira, sua incompreensão (Marcos 8,32). E Jesus o repreendera por isso, dizendo que todas as vezes que traímos o projeto do Reino nos tornamos Satanás (Marcos 8,33). Agora, ao propor ficar na montanha e construir três tendas, Pedro novamente revela sua falta de compreensão (Marcos 9,5-6). Ele ainda não entendeu a proposta do Reino.

Pedro não está sozinho. Com ele, estão Tiago e João. Representam, portanto, a toda comunidade, inclusive a nós. Dessa forma, a narrativa questiona também a nossa cegueira quando ela nos induz a limitar a execução de Jesus a uma morte em nosso favor desvinculada de todo projeto anti-reino que o levou à cruz.

Este é o meu filho amado, escutai-o
Por fim, novamente a memória das Escrituras ilumina a missão de Jesus (Marcos 9,7-9). Jesus é o Emanuel, presença libertadora de Deus entre nós. Ele é o servo amado, o filho amado, experimentado e aguardado há muito tempo pelo movimento profético (Isaías 42,1). A expressão ‘escutai-o' confirma essa perspectiva. A atitude de escuta da voz de Deus em toda a sua criação, especialmente na voz de quem clama por vida plena, é uma das mais profundas formas de oração, de comunhão com o sagrado. Moisés e Elias desaparecerem de cena. A missão deles se integra na de Jesus. Temos não mais um legalismo sobreposto à profecia, mas novamente a profecia.

Não é possível acomodar-se no alto da montanha. Escutar a sua voz desinstala e leva a descer para junto do povo sofrido e tornar o Reino de Deus presente, sem ufanismo ou triunfalismo (Marcos 9,9), mas seguindo humildemente o servo Jesus na sua prática libertadora.

TRANFIGURAÇÃO: TRANS = transformar, transpor, etc., FIGURA = a realidade (dimensão pessoal, familiar, comunitária e social).

(Cf. Ildo Bohn Gass - Assessor do CEBI/Setor de Formação do CEBI)
Veja texto completo em:
http://www.cebi.org.br/noticia.php?secaoId=1&noticiaId=2792

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