Hoje, sexta-feira, 10, a Igreja recorda o "dia do diácono", na festa de São Lourenço, diácono, mártir e patrono dos diáconos. Para destacar a importante data, o Presidente da Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da CNBB, Dom Pedro Brito Guimarães, enviou nesta terça-feira, 7, uma mensagem para saudar a todos os que exercem o diaconato permanente no Brasil.
Na mensagem, Dom Pedro destaca que a "diaconia da Igreja decorre da sua íntima união à missão do próprio Cristo", que se coloca na condição de Servo. Portanto, afirma o bispo, "quem aceita seguir Jesus, como seu discípulo, assume a condição de servo, com a vocação de servir”.
Queremos aqui agradecer aos nossos Diáconos Nei Campos e Evilázio por sua doação e dedicação ao serviço da nossa igreja, Que Deus ilumine a caminhada de vocês!
Leia abaixo a mensagem na íntegra:
Mensagem aos Diáconos Permanentes do Brasil
Amados irmãos diáconos,
Tenho Sede!
A
diaconia da Igreja decorre da sua íntima união à missão do próprio
Cristo, que disse de si mesmo: "Pois o Filho do Homem não veio para ser
servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos" (Mc 10,45).
Jesus definiu a sua missão como um serviço que, no fundo, era a
realização da vontade do Pai e do seu desígnio de salvação. É assim que
Ele se apresenta como Servo que deseja ser reconhecido, seguido e
imitado: "eu estou no meio de vós como aquele que serve" (Lc 22,27);
"Dei-vos o exemplo para que vós possais agir como Eu agi em relação a
vós" (Jo 13,15). A atitude do servo supõe a obediência. Servir é
obedecer e pôr a vida a serviço da vontade e do projeto do Pai que O
enviou. "É preciso que o mundo saiba que eu amo o Pai e faço como o Pai
me mandou" (Jo 14,31). Portanto, quem aceita seguir Jesus, como seu
discípulo, assume a condição de servo, com a vocação de servir.
A
diaconia na Igreja católica tem a sua origem na diaconia de Jesus. O
diaconato é sacramento da caridade aos pobres e excluídos. Vocês, caros
diáconos, “são ordenados para o serviço da Palavra, da caridade e da
liturgia, especialmente para os sacramentos do batismo e do matrimônio;
também para acompanhar a formação de novas comunidades eclesiais,
especialmente nas fronteiras geográficas e culturais, onde
ordinariamente não chega a ação evangelizadora da Igreja” (DAp 205).
Isto quer dizer que vocês, diáconos, não são ordenados para vocês
mesmos, nem para se colocar acima dos demais leigos, nem para
desempenhar funções diferentes da dos presbíteros e dos bispos, mas para
a missão, além do mundo que nos rodeia, para além das fronteiras da fé.
Pelo testemunho de vida doada à missão, incorporados a Jesus Cristo,
servo e servidor, vocês, por meio do sacramento da ordem, devem revelar a
dimensão especial da diaconia do ministério ordenado, ajudando a
construir um mundo mais de acordo com o projeto de Deus.
O
Concílio Vaticano II, no texto da restauração do diaconado, lembra:
“dedicados aos ofícios da caridade e da administração, lembrem-se os
diáconos do conselho do bem-aventurado Policarpo: ‘Misericordiosos e
diligentes, procedam em harmonia com a verdade do Senhor, que se fez
servidor de todos’” (LG 29).
Por causa da dupla sacramentalidade,
é de particular importância para vocês, diáconos, chamados a serem
homens de comunhão e de serviço, a capacidade de inter-relações com
todos. Vocês são diáconos na família, na Igreja, na sociedade e nos
locais de convivência e de trabalho. Isto exige que vocês sejam, a
exemplo de Abraão, obedientes, acolhedores, diligentes, caridosos (Gn
22,1ss;18,1ss), afáveis, hospitaleiros, sinceros nas palavras e no
coração, prudentes e discretos, generosos e disponíveis no serviço,
capazes de se oferecer pessoalmente e de suscitar, em todos, relações
genuínas e fraternas, prontos a compreender, perdoar e consolar.
Os
elementos que mais caracterizam a espiritualidade diaconal são a opção
pelo serviço, missão e partilha de vida, a exemplo do amor de Jesus
Cristo, que não veio para ser servido, mas para servir. Vocês, diáconos,
devem, por isso, ser formados para adquirir, cotidiana e
progressivamente as atitudes, que, embora não sejam exclusivamente do
diácono, são sinais deste ministério: a simplicidade de coração, o dom
total e desinteressado de si, o amor humilde e serviço aos irmãos,
sobretudo aos mais pobres, sofredores e necessitados, e a escolha de um
estilo de vida baseada na partilha, na pobreza e na missão.
O
ministério que vocês recebem tem como missão ajudar a abrir os olhos da
Igreja e da sociedade para enxergar a realidade dos pobres, excluídos,
marginalizados, desamparados. Ao mesmo tempo suscitar ações, não apenas
momentâneas e circunstanciais, mas permanentes, que conduzam à
recuperação completa do bem estar e da cidadania cristã dos assaltados
pelo capitalismo desumano. O diácono é construtor da solidariedade, na
medida em que, pelo seu ministério da caridade, anima e suscita a
solidariedade e o serviço em toda a Igreja.
Por ocasião da festa
do mártir São Lourenço, patrono dos diáconos, celebrada no dia 10 de
agosto, manifestamos nossa cordial saudação a todos vocês, diáconos
permanentes do Brasil, com suas famílias - esposas, filhos e filhas -,
bem como aos candidatos das Escolas Diaconais, às Diaconias e à Comissão
Nacional dos Diáconos. Lembrando, por fim, o que diz o Documento de
Aparecida: “A V Conferência espera dos diáconos um testemunho evangélico
e impulso missionário para que sejam apóstolos em suas famílias, em
seus trabalhos, em suas comunidades e nas novas fronteiras da missão”
(DAp 208).
Esperamos que as Diretrizes para o Diaconado
Permanente da Igreja no Brasil passem a ser o manual de instrução, a fim
de que o diaconado seja implantado em todas as dioceses do Brasil.
Que
Maria, serva e mãe do Belo Amor, que guardou e meditou radicalmente a
Palavra de Deus em seu coração, sirva de modelo para o serviço que vocês
exercem na Igreja e na sociedade.
“Amo a todos vocês no Cristo Jesus” (1Cor 16,24).
Com minha bênção,
Dom Pedro Brito Guimarães,
Arcebispo de Palmas e Presidente da Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada
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