Este trecho do Evangelho narrado por Marcos, revela o encontro dos fariseus e alguns mestre da lei que se reuniram com Jesus para questionar o comportamento de seus discípulos que comiam o pão com as mãos impuras, isto é, sem as terem lavado (Mc 1,2), como também outros costumes que não eram apropriados para um praticante do Judaísmo. Por isso mesmo, os fariseus e os mestres da lei perguntam a Jesus; "Porque os teus discípulos não seguem a tradição dos antigos, mas comem o pão sem lavar as mãos?"
Comer com as mãos impuras não é a mesma coisa
que comer sem lavar as mãos. Deve-se lavar as mãos antes das refeições por
questão de higiene e questão de saúde. Para que as mãos não fossem consideradas
impuras, no tempo de Jesus havia um rito religioso de lavagem das mãos. Era um
preceito religioso e, ao menos naquela ocasião, os discípulos de Jesus não o observaram.
Os fariseus e os escribas queriam ainda saber
porque eles não seguiam as tradições dos antigos. Diante de todos os
questionamentos por parte dos fariseus e dos escribas Jesus percebeu a intenção
da pergunta feita por eles, e respondeu energicamente.
Citou o profeta Isaias ("Este povo
honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. É vão o culto que
me prestam, e as doutrinas que ensinam não passam de preceitos humanos").
Jesus usa uma palavra dura, chama-os de hipócritas, pois estão apegados às tradições
antigas e não abertos a uma nova realidade.
Diante do comportamento dos fariseus e dos
escribas fica-nos uma pergunta: até onde o conservadorismo nos leva a viver em comunhão com Jesus? Estou ou não aberto às
mudanças que, às vezes, são necessárias para o crescimento de uma comunidade
cristã? Muitas vezes o conservadorismo não nos leva a nenhum crescimento
interior, e muito menos dentro da comunidade cristã.
Para saber se estamos no
caminho certo é preciso olhar dentro de nós mesmo, olhar em nosso coração, para
nossas escolhas e nossas decisões. "É de dentro do coração humano que saem
as más intenções... Todas estas coisas más saem de dentro, e são elas que
tornam impuro o homem" (Cf. Mc 7,21 – Mc 7,23).
Que as tradições humanas não tomem o lugar de
Deus no nosso coração. Que a vontade de Deus nos impulsione para estarmos
sempre prontos para as novidades que aparecem para nos enriquecer dentro da
nossa convivência de cristão de fé, amor e esperança.
Que possamos aceitar o que deve ser mudado, e
ter sabedoria para distinguir o que não deve ser preservado. O conservadorismo
muito vezes atrapalha o crescimento da comunidade cristã que se reune em torno
do mistério pascal da presença do Cristo Ressuscitado.
Neste mês de Setembro, mês da Bíblia, façamos
um propósito de ler e meditar com mais seriedade a Palavra de Deus na Bíblia
Sagrada. Ao ler a Bíblia falamos com Deus e Deus fala conosco. Quem vive assim,
"É verdadeiramente capaz não só de desvendar ao fiel o tesouro da Palavra
de Deus, mas também de criar o encontro com Cristo, Palavra divina VIVA." Encoraja-nos
Bento XVI, nosso Papa.
Bom fim de semana para todos.
Frei Donizetti.
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