O texto desse Domingo conta a história de três
personagens. O pai,o filho mais novo e o filho mais velho. A fala contida
nesta parábola quer nos ajudar a curar nossa imagem de um Pai duro e carrasco,
de um filho invejoso e incapaz de alegrar-se com quem retorna e de um filho
teimoso, egoísta e autocentrado, que descobriu mais da vida do que ele tinha em
mente e é capaz de mudar (converter-se) para procurar suas origens.
O filho mais novo resolve que a vida é curta e
precisa ser vivida intensamente e pede para o pai a sua parte na herança. O
filho está pedindo o que lhe é de direito e o pai lhe dá. Este filho vai
embora com sua parte da herança. Acaba fazendo opções erradas na vida e
termina empobrecido e mendigando. De filho de dono de terra torna-se pedinte e
encontra-se numa situação de desumanização total. Essa escolha do filho mais
novo fez com que ele perdesse a si mesmo. Ele não é mais um filho, mas um
empregado, objeto do seu patrão, sem voz e nem lugar apropriado na família.
Ele decide voltar para casa, seu porto
seguro. Ele não perdeu a
esperança de que o pai o escutaria e o acolheria. Quando o filho refaz o caminho de volta, o pai não o
espera dentro de casa. O pai SAI do seu território e VAI AO ENCONTRO do rapaz e o
acolhe fervorosamente. Não faz perguntas, não o critica, não o repreende. É urgente aprender a escutar novamente as pessoas que
procuram a comunidade, sem julgamento nem moralismos.
O resultado desse movimento
de pai e filho é que a casa do pai converteu-se em lugar de festa, perdão e
acolhida. O irmão mais velho não é capaz de alegrar-se com
novidades, com mudanças nem com festa. Tem gente que está preocupada com
sistemas de privilégios e clientelismo e não consegue perceber que a comunidade
é espaço de ressurreição e de atitudes “não normais”. O filho mais velho reage do jeito esperado. Ele não
entende e não aceita a atitude de misericórdia do pai. Ele não está disposto a
ESCUTAR o que o filho mais novo tem a dizer. Ele é o filho que sempre viveu obediente
sob as regras (ele é “normal”). Ele não entendeu que, embora importantes, as
regras não devem desumanizar ou suspender as pessoas de amarem. O amor transpõe
as regras, ou melhor, as reinterpreta. A atitude do irmão lembra abertamente o
que não se deve fazer: achar-se melhor do que ninguém, eximir-se de escutar
outros contextos e outras experiências, achar que a sua visão e experiência é a
única.
O pai não o repreende o filho mais velho. Ao
contrário, o convida pra entrar na festa. Quer fazê-lo entender que festejar é
mais importante do que recriminar.
Nesta Quaresma, somos mais uma vez convidadas/os
para VOLTAR e para IR AO ENCONTRO e RECEBER quem volta para nosso meio. Para
isso, precisamos mudar nossas imagens de Deus e de pessoas que nunca erram.
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