sábado, 28 de fevereiro de 2015

Reflexão sobre o tema da Campanha da Fraternidade 2015


 Sentir-se igreja, membro vivo de uma comunidade de fé libertadora

“Igreja é Povo de Deus”, nos ensina o Vaticano II. É hora de percebermos que o sacerdócio comum está acima do sacerdócio ordenado. Os jovens não podem aceitar uma relação que os coloquem como infantis e em uma postura de quem só deve obedecer. Nada disso. Os jovens têm o direito e o dever de dialogar, discutir e reivindicar o direito de decidir conjuntamente todos os assuntos que envolvem a vida da comunidade cristã e da sociedade.

 Comprometer-se com a Opção pelos pobres e pelos jovens
O apóstolo Paulo, ao escrever sobre o Concílio de Jerusalém, acontecido por volta dos anos 49/50 do 1º século diz que a circuncisão, a maior de todas as barreiras, tinha sido abolida e que a única coisa que os apóstolos fizeram questão de alertar foi: “Não esqueçam os pobres.” (Gal 2,10) Esse alerta deve ser acolhido por todas as pessoas cristãs. Mas faz bem ter um bom entendimento sobre quem é pobre. Primeiro, o carente economicamente. Depois, a mulher, o indígena, o negro, o homossexual, a divorciada, a mãe terra, a irmã água, o meio ambiente.
O pobre não é apenas como um poço de carência, mas principalmente um portador de força ética e espiritual. Deus age a partir dos pequenos. “O mundo será melhor quando o menor que padece acreditar no menor”, dizia Dom Hélder Câmara, o santo rebelde.

 Partir da periferia, do oprimido
 O Evangelho de Lucas interpreta a vida, as ações e os ensinamentos de Jesus ao longo de uma grande caminhada da Galileia até Jerusalém, ou seja, da periferia geográfica e social ao centro econômico, político, cultural e religioso da Palestina. A Palavra, no Evangelho de Lucas, é a palavra de um leigo, de um camponês galileu, “alguém de Nazaré”, pessoa simples, pequena, alguém que vem da grande tribulação. Não é palavra de sumo sacerdote, nem do poder.

 Priorizar a formação
 Na grande viagem de subida para Jerusalém, Jesus prioriza a formação dos discípulos e discípulas. Ele percebe que não tem mais aquela adesão incondicional da primeira hora. Jesus descobriu que para consolar os aflitos era necessário também incomodar os acomodados e denunciar pessoas e estruturas injustas e corruptas. Assim, o homem de Nazaré começou a perder apoio popular. Era necessário caprichar na formação de um grupo menor que pudesse garantir os enfrentamentos que se avolumavam. Jesus sabia muito bem que em Jerusalém estava o centro dos poderes religioso, econômico, político e judiciário. Lá travaria o maior embate.

Não fugir do combate
O Evangelho de Lucas diz: Jesus, cheio do Espírito, em uma proposta periférica alternativa, vai, em uma caminhada, de Nazaré a Jerusalém; ou seja, vai da periferia para o centro, caminhando no Espírito. Em Jerusalém acontece um confronto entre o projeto de Jesus e o projeto oficial. Este tenta matar o projeto de Jesus (e de seu movimento) condenando-o à morte na cruz. Mas o Espírito é mais forte que a morte. Jesus ressuscita. No final do Evangelho de Lucas, Jesus diz aos discípulos: “Permaneçam em Jerusalém até a vinda do Espírito Santo” (Lc 24,49).

 Estar sempre em movimento
 Seguir Jesus exige uma dinâmica de permanente movimento. A sociedade capitalista leva-nos a buscar segurança, o que é uma farsa. É hora de aprendermos a seguir Jesus de forma humilde e vulnerável, porém mais autêntica e real. Isso não quer dizer distrair com costumes e obrigações que provêm do passado, mas não ajudam a construir uma sociedade justa, solidária e sustentável ecologicamente.

 Andar na contramão
 Seguir Jesus implica andar na contramão, remar contra a correnteza de tantos fundamentalismos e da idolatria do consumismo. Exige também rebeldia, coragem, audácia diante de costumes que entortam o queixo e de modas que aniquilam o infinito potencial humano existente em nós. Ser, na prática, luz no mundo, sal na comida, fermento na massa, algo que sempre incomoda.

Saber a hora de conviver e a hora de lutar
 O Evangelho de Lucas apresenta dois envios de discípulos para a missão. No primeiro envio (Lc 10,1-11), Jesus indicou aos discípulos que fossem para o campo de missão despojados e desarmados. Assim deve ser todo início de missão: conhecer, conviver, estabelecer amizades, cativar, assumir a cultura do outro, tornar-se um irmão entre os irmãos para que seja reconhecido como “um dos nossos”. No segundo envio (Lc 22,35-38), em hora de luta e combate, Jesus sugere que os discípulos devem ir preparados para a resistência. Por isso “pegar bolsa e sacola, uma espada – duas no máximo.” (Lc 22,36-38). Durante a evolução da missão, chega a hora em que não basta esbanjar ternura, graciosidade e solidariedade. É preciso partir para a luta, pois as injustiças precisam ser denunciadas. Ao tomar partido e “dar nomes aos bois” irrompem-se as divisões e desigualdades existentes na realidade. Os incomodados tendem naturalmente a querer calar quem os está incomodando. É a hora das perseguições que exigem resistência. Confira a trajetória de vida dos/as mártires da caminhada: Padre Josimo, Padre Ezequial Ramin, Chico Mendes, Margarida Alves, Sem Terra de Eldorado dos Carajás, Irmã Dorothy, Santo Dias, Chicão Xucuru, Padre Gabriel etc.

  Resistir, o que não é violência, mas legítima defesa
 Diante de qualquer tirania e de um Estado violentador, vassalo do sistema capitalista que sempre tritura vidas e pratica injustiças, é dever das pessoas cristãs resistirem contras as opressões perpetradas contra os empobrecidos, os preferidos de Jesus. Lucas, em Lc 22,35-38, sugere desobediência civil – econômica, política e religiosa. Em uma sociedade desigual, esse é “outro caminho” a ser seguido (cf. Mt 2,12) por nós, discípulos e discípulas de Jesus, o rebelde de Nazaré.


Frei Givander Moreira ).Carm.

Continuaremos com a reflexão da Cf na próxima postagem

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Reflexão sobre o Tema da Campanha Fraternidade

Tarefas emancipatórias que a Dimensão Social da Fé Cristã exige de nós


A Campanha da Fraternidade de 2015 – Fraternidade e sociedade – quer fortalecer a Dimensão Social da Fé Cristã, que, com os movimentos espiritualistas, volatilizadores e desencarnadores da fé cristã, anda meio atrofiada em muitos ambientes religiosos. Vamos elencar na reflexão, abaixo, uma série de tarefas que julgamos decorrer da Dimensão Social da Fé Cristã.

 Promover libertação integral
Uma das tarefas das pessoas cristãs é lutar pela libertação integral das pessoas e de tudo e não apenas por libertação espiritual. No programa de Jesus, em Lc 4,16-21, consta uma libertação política (“libertar os presos”), social e econômica (“anunciar uma boa notícia aos pobres”), libertação ideológica (“restituir a visão”, e espiritual (“proclamar o Ano de Graça do Senhor”). Assim, Jesus resgata o Jubileu Bíblico (Lev 25,8-12). No ano do Jubileu, toca-se o “berrante” (em hebraico “sofar”), que acontece no primeiro ano após sete vezes sete anos. Neste Jubileu, todas as dívidas devem ser perdoadas; todas as terras devem voltar ao primeiro dono (aos ancestrais); todos os escravos devem ser libertados. Enfim, é tempo de se fazer uma reorganização geral na sociedade; tempo para recriar as relações humanas com fraternidade, justiça, solidariedade libertadora, reconciliação e novos sonhos.

 Acreditar na ortopráxis
Outra tarefa é defender uma ortopráxis (= testemunho libertador), não uma ortodoxia (= opinião certa). O que de fato faz diferença não é tanto o que a gente pensa ou em que acreditamos, mas o que fazemos (ou deixamos de fazer). É hora de compromisso com o modelo de Igreja querido pelo papa Francisco: Igreja popular, justa e misericordiosa. Urge compromisso com outro projeto de sociedade, que seja justo, ecumênico e sustentável ecologicamente.

  Rever conceitos
Verdade não é adequação de um conceito a um objeto. Isso é verdade formal. “Verdade é o que liberta todos e tudo”, diz o quarto evangelho da Bíblia. A verdade deve ser buscada conjuntamente. Ninguém é dono da verdade. Verdade como o que liberta deve ser buscada a partir dos pobres (últimos, pequenos, discriminados): pobre, excluído, sem terra, indígenas, negros, pessoas com deficiências, idosos, desempregados, homossexuais, mãe terra, irmã água, favelados, vítimas da violência etc.
É hora de perceber que a coisa mais sagrada é também profana. Profanar é retirar do uso exclusivo para dar acesso a todos. Pro-fanar vem do verbo grego faneo, que quer dizer “brilhar”. Ou seja, que o brilho do sagrado seja estendido a todos sem distinção e sem nenhuma discriminação. É hora de gritar “Não a todo e qualquer dualismo!” Não há separação entre espiritual e material, entre sagrado e profano, entre divino e humano, entre santo e pecador, entre puro e impuro etc. Tudo está intimamente relacionado.
Jesus não morreu na cruz porque Deus quis, mas foi condenado à pena de morte pelos podres poderes político-econômico e religioso.
Jesus doou sua vida por todos e tudo. Jesus testemunha um caminho de salvação, porque nos amou demais e não porque sofreu demais.
Jesus tornou-se Cristo, pois conseguiu desenvolver o infinito potencial de humanidade que cada pessoa traz consigo ao chegar a este mundo. “Jesus foi tão humano, tão humano, que só podia ser Deus”, disse o papa Paulo VI.
Milagre não é algo fruto de um poder extraordinário que está acima do humano. Milagre é uma maravilha de Deus, conforme diz o Primeiro Testamento da Bíblia. Milagre é um gesto solidário e libertador de Deus agindo nas entranhas da história.
Deus não é juiz, pois Deus é amor. O único poder que Deus tem é o poder do amor, que é de fato o que constrói.
Deus não é transcendente, mas transdescendente. Na Bíblia, de ponta a ponta, vemos a imagem de um Deus apaixonado pelo humano.
Deus não é neutro diante dos conflitos. Deus faz opção preferencial pelos pobres (cf. Ex 3,7-10).
Não existe inferno, nem purgatório e nem limbo como locais destinados aos pecadores, como descrito de forma tradicionalista por muitos nas igrejas. Satanás (satã, em hebraico) ou diabo (diabolos, em grego) não são entes abstratos, um deus negativo que faz oposição ao Deus da vida. Satanás (diabo) é tudo o que divide, separa, desune, oprime, exclui, discrimina e depreda. Pode ser uma dimensão interior nossa, mas em uma sociedade capitalista neoliberal como a nossa, trata-se prioritariamente de estruturas e instituições que oprimem, excluem e depreda a natureza. Podemos dizer que o agronegócio é satânico, pois concentra riqueza em poucas mãos, expulsa os pequenos do campo e devasta a biodiversidade. Uma democracia burguesa formal que não respeita a Constituição Brasileira e pisa na dignidade das pessoas é uma falsa democracia, algo também satânico.
Ser cristão implica ser anticapitalista. Não dá para compactuar com os pretensos valores do capitalismo: concorrência, competição, acumulação, lucrar e lucrar. Ser cristão é ser outro Cristo, alguém que consola os aflitos, mas que também incomoda os acomodados. Tarefa da pessoa cristã é buscar vida e liberdade para todos e tudo – e não apenas para alguns - mas a partir dos últimos.

Por Frei Gilvander Moreira
Continuaremos com a reflexão na próxima postagem 






domingo, 22 de fevereiro de 2015

Pressuposto básico teológico: Deus na história e o divino no humano


Continuação da reflexão do tema da Campanha da Fraternidade 2015
Frei Gilvander Moreira

O Deus do cristianismo é um Deus da história, quer dizer, age nas entranhas dos fatos e dos acontecimentos. O Deus da vida, mistério de infinito amor, não faz mágica. Desde que Deus, por infinito amor à humanidade, se encarnou-se, o divino está no humano.
O Concílio de Calcedônia, no ano de 451, reconheceu Jesus Cristo com “natureza” divina e humana. O apóstolo Paulo reconhece que Jesus é o Cristo, filho de Deus, mas “nascido de mulher” (Gal 4,4), ou seja, humano como nós desenvolveu seu infinito potencial de humanidade. “Jesus, de tão humano, se tornou divino,” dizia o papa João XXIII.
“Não é ele o filho de Maria e Jose?”. Progressivamente, na Galileia, Samaria e Judéia, Jesus se revela, à primeira vista, em aparentes contradições, mas, no fundo, com tal equilíbrio que chama a atenção de todos. Assim, ele testemunha que Deus é mais interior a nós do que imaginamos. A mística “encarnatória” revela a pessoa humanamente divina e divinamente humana. “Quem me vê, vê o Pai”.
Jesus, antes de se tornar mestre, foi discípulo. Antes de ensinar, aprendeu muito com muitos: com Maria e José, com o povo da sinagoga, com os vizinhos, amigos, com os acontecimentos históricos, com a natureza etc.
Somos discípulos/as de Jesus Cristo, um jovem camponês, da periferia, que foi condenado à pena de morte pelos podres poderes da política, da economia e da religião. Somos discípulos/as de um mártir. Feliz quem não esquece a vida, o testemunho e o ensinamento dos mártires.
Destemido, o Galileu de Nazaré vai enfrentando todas as perseguições, convicto de que é profundamente amado pelo Pai – Deus, mistério de infinito amor que nos envolve – e que é amado e reconhecido pelos oprimidos e injustiçados.
Jesus não está mais na fase da priorização das ações de solidariedade. Ele, na convivência com os empobrecidos e lendo os sinais dos tempos e dos lugares, adquire a clareza de que o sofrimento que se abate sobre o povo é causado principalmente pelo imperialismo romano, pelos saduceus (grandes latifundiários da época que praticavam uma religião da Teologia da Prosperidade), pelos que comandavam o poder religioso, tipo padroado, que fazia sacerdotes privatizarem na prática o sistema de saúde ao cobrarem para atestar curas e, assim, excluíam os pobres, os doentes, as mulheres e os estrangeiros com a famigerada lei da pureza e da impureza, que dizia: Quem é rico e sadio é abençoado por Deus. Quem é pobre e doente é porque é pecador e Deus está castigando. Assim, privatizando Deus, faziam terrorismo religioso. Jesus, pelo seu ensinamento e práxis, vai questionando tudo isso e, consequentemente, atraindo sobre si a ira de todos os que se beneficiavam com o sistema opressor muito bem entrosado nos poderes político, econômico e religioso.

sábado, 21 de fevereiro de 2015

Bases bíblicas e teológicas para a CF/15: Fraternidade e Sociedade, com o Lema “Eu vim para servir"


Não esqueçamos: Javé, o Deus solidário e libertador, optou pelos pobres, ao ouvir o clamor dos oprimidos e descer para libertá-los (Cf. Ex 3,7-10) das garras do imperialismo dos faraós do Egito. As profetisas e os profetas da Bíblia fizeram opção pelos injustiçados ao denunciar as injustiças dos fazendeiros, do sistema monárquico, o ritualismo de muitos sacerdotes, ao desmascarar os falsos profetas, aqueles defensores da Teologia da Prosperidade. Optaram pelos empobrecidos ao consolar os aflitos (cf. Is 43,1-5) e ao incomodar os chefes da nação, como o profeta Miquéias que profetizou: “Ouvi, peço-vos, chefes e príncipes, vós que odiais o bem, e amais o mal, que arrancais a pele de cima dos pobres, e a carne de cima dos seus ossos. E que comeis a carne do meu povo, e lhes arrancais a pele, e lhes esmiuçais os ossos, e os repartis como para a panela e como carne dentro do caldeirão (Miq 3,1-3).”
Jesus de Nazaré optou pelos empobrecidos indo da solidariedade à luta pela justiça, o que lhe custou condenação à morte pelos podres poderes da época. Jesus anunciou e testemunhou um projeto de libertação integral. Em seu programa consta libertação política (libertação dos presos), social e econômica (evangelizar os pobres), restituição da visão (libertação ideológica), e “espiritual” (proclamação do Ano de Graça do Senhor). Isso em Lc 4,16-21, onde Jesus resgata o Jubileu Bíblico, que cultiva a utopia de reviver a experiência de fraternidade das origens camponesas, do tempo do deserto; recomeçar tudo de novo a partir dos oprimidos; refazer a História a partir dos injustiçados; resgatar as identidades que humanizam; conquistar justiça para os injustiçados a partir deles; redistribuir as terras dando-lhes função social; perdoar as dívidas interna e E(x)terna; redistribuir riquezas e rendas; restituir os direitos roubados, voltar a conviver de modo fraterno com a  nossa mãe Terra, que é nossa única casa.
As primeiras comunidades cristãs se organizaram a partir das casas (Oikia, em grego), comunidades locais, onde buscavam vivenciar um projeto coletivo para o bem comum de todos (At 2,42-47). Ao invés de acumular, partilhavam tudo o que tinham, o que sabiam, seus problemas e buscas comunitárias. Ao longo da História dos cristianismos “144 mil” foram martirizados, porque ousaram ser luz que incomoda o mundo de trevas dos sistemas que moem vidas, foram sal na terra incomodando a comida e se fizeram fermento que causa coceira na massa (cf. Mt 5,13-16).
Sob inspiração do Concílio Vaticano II e das Conferências dos bispos da América Afrolatíndia (1ª no Rio de Janeiro, 1950; 2ª em Medellín/Colômbia, 1968; 3ª em Puebla/México, 1979; 4ª em Santo Domingos/República Dominicana, 1992; e a 5ª em Aparecida/Brasil, 2005), a Igreja Povo de Deus, reunida nas Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e nas Pastorais Sociais, com o respaldo e inspiração da Teologia da Libertação, milhares de pessoas cristãs doaram suas vidas na luta por reforma agrária, reforma urbana, em defesa dos Direitos Humanos e demonstraram compromisso com a construção de uma sociedade justa e solidária. Uma multidão de mártires ao longo de 514 anos de história de opressão no Brasil. Citamos alguns: Frei Caneca, Padre Henrique, Padre Ezequiel Ramin, Padre Josimo Tavares, Chico Mendes, Santo Dias, Margarida Alves, padre Gabriel, Irmã Dorothy Stang, Dom Oscar Romero, Eloy Ferreira, cristãos que se engajaram em sindicatos dos trabalhadores, no MST, na CPT, no CIMI, em muitos movimentos sociais populares e inúmeras pessoas anônimas que ao se posicionar contra as violências foram eliminadas fisicamente. Foram mortas, assim como o Galileu de Nazaré, mas estão ressuscitadas na luta.
O exemplo de luta nos anima a seguir lutando coletivamente sendo luz, sal e fermento na sociedade.
Continua a reflexão na próxima postagem .

Por Frei Gilvander Luiz Moreira


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quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Campanha da Fraternidade de 2015: Igreja e Sociedade. Servir a partir do injustiçado e de jeito libertador.



                     Iniciando a reflexão

Realizada desde 1964, há 51 anos, com o tema “Fraternidade: Igreja e Sociedade” e lema “Eu vim para servir” (cf. Mc 10, 45), a  Campanha da Fraternidade de 2015 (CF/15) objetiva animar a vocação e missão de todas as pessoas cristãs e das comunidades, a partir do que propõe o Concílio Ecumênico Vaticano II (1962 a 1965): Igreja povo de Deus, ecumenismo, inculturação e profecia.

Os Temas e Lemas das Campanhas da Fraternidade já realizadas contribuíram muito para colocar na pauta da política e das forças vivas da sociedade brasileira grandes injustiças que se tornaram clamores ensurdecedores. Para refrescar a memória, citamos: CF/74: Onde está o teu irmão?; CF/75: Repartir o pão, logo após o milagre econômico de 1973, denunciava ricos cada vez mais ricos à custa de pobres cada vez mais pobres; CF/78: Trabalho e Justiça para todos; CF/79: sobre Ecologia, com o lema “Preserve o que é de todos”; CF/80: sobre Migrantes, com o lema “Para onde vais?”; CF/81: Saúde para todos, o que contribuiu para a criação do SUS em 1988; CF/83: Fraternidade, sim; Violência, não; CF/85: Pão para quem tem fome; CF/86: sobre a terra, com o lema “Terra de Deus, terra de irmãos”, contribuiu para legitimar a atuação da Comissão Pastoral da Terra, do MST, recém criado, e fez nascer dezenas de movimentos sociais do campo; CF/87: sobre crianças abandonadas, com o lema “Quem acolhe o menor a mim acolhe”. Essa foi imprescindível na criação do Estatuto da Criança e do Adolescente em 1991; CF/88: sobre Os Negros, com o lema “Ouvi o clamor desse povo”, fez surgir e fortalecer o Movimento Negro, movimento popular de luta contra o racismo; CF/89, “Comunicação para a verdade e a paz” denunciou a concentração do poder midiático (mídia) em poucas nas mãos; CF/90: contra o machismo e o patriarcalismo, com o lema “Mulher e Homem, imagem de Deus”; CF/91, Solidários na dignidade do trabalho; CF/92 e CF/13: sobre a Juventude, denunciando o extermínio de jovens pelo tráfico, violência social etc; CF/93: sobre Moradia, com o lema “Onde moras?”, fez surgir inúmeros movimentos de luta por moradia; CF/95: sobre os Excluídos, com o lema “Eras tu, Senhor?” fortaleceu o Movimento Nacional do Povo de Rua e a Pastoral do povo de rua; CF/96: sobre Política, com o lema “Justiça e Paz se abraçarão”, fortaleceu o Movimento que luta por ética na Política Partidária; CF/97: Os encarcerados, acolhendo os gritos dos milhares de presos e denunciando que eles estão submetidos a situações degradantes e desumanas em prisões superlotadas; CF/98: Educação, o que ajudou a legitimar a luta por educação pública de qualidade; CF/99: Desemprego, com o lema “Sem trabalho, por quê?”; CF/01: sobre Drogas, com o lema “Vida, sim; drogas, não”; CF/02: sobre Povos Indígenas, com o lema “Por uma terra sem males”, contribuiu para o surgimento e fortalecimento de inúmeros movimentos indígenas; CF/03: sobre Pessoas idosas, contribuiu para a Criação do Estatuto do Idoso em 2003; CF/04: sobre A água, com o lema “Água, fonte de vida”; CF/06: Pessoas com deficiência; CF/07: sobre Amazônia; CF/09: sobre Segurança Pública, com o lema “A paz é fruto da justiça”; CF/10: Economia, questionando com veemência o modelo econômico capitalista-neoliberal e apontando a necessidade e justeza de fortalecermos a Economia Popular Solidária; CF/11: Vida no Planeta, com o lema “A criação geme em dores de parto”, refletiu sobre a crise ecológica mundial; CF/12: sobre Saúde Pública; CF/14: sobre Tráfico humano.


Subsidiando a vivência da Opção pelos pobres, o Texto Base da CF/2015 está organizado em quatro partes. No primeiro capítulo são apresentadas reflexões sobre “Histórico das relações Igreja e Sociedade no Brasil”, “A sociedade brasileira atual e seus desafios”, “O serviço da Igreja à sociedade brasileira” e “Igreja – Sociedade: convergência e divergências”.

Continuaremos com as reflexões na próxima postagem

[1] Frei e padre da Ordem dos carmelitas; natural de Rio Paranaíba, MG; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma, Itália; doutorando em Educação pela FAE/UFMG; assessor da CPT (Comissão Pastoral da Terra), do CEBI (Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos), do SAB (Serviço de Animação Bíblica) e de Movimentos Sociais de luta por terra e moradia; conselheiro do Conselho Estadual dos Direitos Humanos de Minas Gerais – CONEDH; e-mail: gilvanderlm@gmail.com – www.gilvander.org.brwww.freigilvander.blogspot.com.br - www.twitter.com/gilvanderluis - Facebook: Gilvander Moreira








quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Quarta-Feira de Cinzas

A Quaresma começa hoje (18) com celebrações eucarísticas marcadas pela imposição das cinzas na teste dos fiéis católicos. O ritual, durante a missa, leva a reflexão sobre a fragilidade humana e o apelo a conversão: "Convertei-vos e crede no Evangelho".
De acordo com a Igreja , a Quarta-feria de Cinzas dá início a um tempo de silêncio, oração, jejum, penitência e representa a preparação para o mistério Pascal vivido por nosso Senhor Jesus Cristo.
Após a missa desta manhã, a Paróquia Nossa Senhora da Conceição convida você e sua família a participar da Missa, que acontece hoje às 19h30, na Igreja do Carmo.

Pascom

















segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Lançamento do tema da Campanha da Fraternidade 2015

A Diocese de Itaguai promoveu neste sábado, dia 7, o encontro entre as lideranças religiosas e sacerdotais para a reflexão do Texto Base da Campanha da Fraternidade (CF) 2015. O evento foi organizado por paróquias do regional, sendo um encontro na Igreja do Carmo- centro de Angra, que reuniu as paróquias desde Parati à Conceição de Jacarei (Setor Par) e o outro na Igreja Matriz Santa Teresinha , formado por paróquias de Seropedica, Itaguai e Mangaratiba (Setor Sim).

 O palestrante Frei Gilvander Moreira apresentando o tema da CF na Igreja do Carmo em Angra

O tema da CF deste ano é “Fraternidade: Igreja e Sociedade” e o lema: “Eu vim para servir”.. A abertura oficial da campanha em âmbito nacional será no dia 18, Quarta-feira de Cinzas e vai durar 40 dias. É o tempo da Quaresma que propõe à Igreja reflexões sobre família, questões econômicas, políticas e sociais. As Igrejas irão disponibilizar materiais que irão ajudar na reflexão do tema

Diante dos desafios que a sociedade está enfrentando, o novo Conselheiro Provincial Frei Fernando Bezerra Leite e pároco da Paróquia Nossa senhora da Conceição escolheu tratar desta questão da CF, durante a abertura do evento na Igreja do Carmo, destacando a falta de solidariedade, principalmente com os excluídos. Frei Fernando citou como exemplo, a morte do Sr. Ailton,ex-morador de rua, que foi atropelado, em frente ao Hospital, no dia 06 e não foi socorrido pelo motorista, e também não recebeu socorro a tempo dos órgãos competentes, apesar das tentativas. “Foi um descaso total”, com Sr. Ailton , que era trabalhador, gente boa, desabafou o frei, emocionado.
Frei Fernando,novo conselheiro provincial abre o encontro da CF 2015 
“Precisamos agir com solidariedade e lutar por justiça , auxiliando a sociedade, os católicos à exercer sua missão de cristão, como agente transformador”, explicou Frei carmelita Gilvander Luiz Moreira, de Belo Horizonte, palestrante que veio à Angra para anunciar o texto base da Campanha da Fraternidade. Ele destacou ainda que a CF, este ano completa 51 anos, e ao longo desses anos vem tratando temas importantes para sociedade, que acabam se transformando em leis e estatutos em defesa dos direitos humanos. “A fé é essencialmente uma questão existencial, exige postura diante da realidade da vida, não podemos ser omissos” - declarou frei Gilvander.


Frei Gilson participando do encontro da Campanha da Fraternidade 2015




A CF tem como objetivo aprofundar, à luz do Evangelho, o diálogo e a colaboração entre a Igreja e a sociedade, propostos pelo Concílio Ecumênico Vaticano II, como serviço ao povo brasileiro, para a edificação do Reino de Deus. Este é o objetivo geral da Campanha da Fraternidade 2015, convidando para sermos uma Igreja atuante, participativa, consoladora, misericordiosa, samaritana. Os objetivos específicos apontados no Texto Base são fazer memória do caminho percorrido pela Igreja com a sociedade; identificar e compreender os principais desafios da situação atual; apresentar os valores espirituais do Reino de Deus e da doutrina Social a Igreja, com elementos autenticamente humanizados; identificar as questões desafiadoras na evangelização da sociedade e estabelecer parâmetros e indicadores para a ação pastoral; aprofundar a compreensão da dignidade da pessoa, da integridade da criação, da cultura da paz, do espírito e do diálogo inter-religioso e intercultural, para superar as relações desumanas e violentas; buscar novos métodos, atitudes e linguagens na missão da Igreja de Cristo de levar a Boa Nova a cada pessoa, família e sociedade; atuar profeticamente, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, para o desenvolvimento integral da pessoa e na construção de uma sociedade justa e solidária

Cartaz da CF 2015


Durante a Campanha da Fraternidade o destaque para o cartaz que retrata o Papa Francisco lavando os pés de um fiel na Quinta-feira Santa de 2014. A igreja atualiza o gesto de Jesus Cristo ao lavar os pés de seus discípulos. O lava-pés é expressão de amor capaz de levar a pessoa a entregar sua vida pelo outro. É com este amor que todo ser humano é amado por Deus em Jesus Cristo. Ao entregar-se à morte na cruz e ressuscitar, como celebramos na Páscoa, Jesus leva em plenitude o Eu vim para servir (cf. Mc 10,45). Através do diálogo, a Igreja (as comunidades) está a serviço de todas as pessoas. Ao servir, ela participa da construção de uma sociedade justa, fraterna, solidária e pacífica. No serviço, ela edifica o Reino de Deus.

Redação da Pascom
Dalizania Melo



sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Campanha da Fraternidade 2015



Neste sábado, dia 07 de fevereiro, a partir das 9h, no Convento do Carmo, acontecerá o encontro entre as Paróquias da Diocese de Itaguai do Regional -Setor PAR (de Parati à Conceição de Jacarei) para o lançamento da Campanha da Fraternidade 2015 com o tema: Fraternidade. Igreja e Sociedade e o lema- "Eu vim para Servir". Contamos com sua presença a partir das 8h para o café partilhado.

Pascom

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Folia Cristã 2015

Neste sábado 07/02 venha participar do bloco carnavalesco animado com músicas para louvar e adorar o Senhor.

Concentração do Bloco- a partir das 18h, em frente a Igreja do Carmo com desfile pela Rua do Comércio e parada em frente a Igreja Matriz.

Realização do Grupo de Jovens da Paróquia Nossa Senhora da Conceição- GJE

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